INCONTINÊNCIA VERBAL E FOGUEIRA DAS VAIDADES DOMINAM O DEBATE EM IBIÚNA

A crítica em Ibiúna carece de bom senso e propostas construtivas. Há anos, a administração pública do município enfrenta um desastre em termos sociais e econômicos. Apesar das falhas administrativas, a cidade continua a evoluir, mesmo em meio à desordem.

Nas últimas semanas, observa-se um aumento nas críticas direcionadas à recente administração de Mário Pires. No entanto, essas críticas frequentemente ignoram todos os responsáveis pela crise na gestão pública do município. O saudoso ex-prefeito de Ibiúna, Seishi Myiaji, já dizia que apenas um milagre impediria que as estradas de Ibiúna continuassem a ser alvo de críticas na imprensa. O problema é que a ocupação desordenada das áreas rurais e a falta de obras adequadas para o escoamento nas estradas nunca foram devidamente resolvidos na nossa zona rural. (Nota: ele sempre me corrigia pelo erro em escrever seu nome e contínuo em dúvida, risos). Seishi defendia a necessidade de focar na manutenção adequada dos caminhos utilizados pelos agricultores, em vez de priorizar os loteamentos clandestinos que infestam a imensa zona rural de Ibiúna. “Jogar pedras nas estradas, que se afundam na primeira chuva, sem estruturar a captação das águas nos leitos carroçáveis, é como enxugar gelo”, ele dizia, com razão.

Além das questões de saúde e do buraco financeiro da prefeitura, a manutenção das estradas rurais se destaca como um ponto fraco da nova administração, que se vê atacada por divulgar suas limitações diante das intensas mudanças climáticas e das enxurradas que destroem as vias rurais, conforme postagens nas redes sociais. Isso também alimenta a incontinência verbal dos últimos candidatos derrotados ao cargo de prefeito, que, por terem perdido a eleição, deveriam ser gratos por não estarem imersos nessa impopularidade.

Se deixassem de lado a vaidade cega e utilizassem a inteligência administrativa que afirmam ter, poderiam apresentar soluções práticas e alternativas viáveis para transformar a realidade que os eleitores de Ibiúna esperam de seus governantes, que muitas vezes são eleitos por puro populismo. A experiência administrativa, infelizmente, nunca foi o forte da maioria dos que desejam ocupar esse cargo público.

Eu sempre fui crítico dos últimos governos municipais de Ibiúna, que mais atrapalharam do que contribuíram para o futuro da cidade. No entanto, não sou ingênuo ao ponto de desconsiderar os problemas históricos que afetam o município, como a ocupação desordenada e a invasão de áreas não urbanizáveis. Além disso, a desordem social impacta diretamente a educação e a saúde, e a falta de emprego é alarmante — 17 mil trabalhadores em contraste com 21 mil pessoas vivendo de Bolsa Família.

É fundamental reconhecer que criticar sem apresentar soluções práticas e objetivas é um erro. A população de Ibiúna merece mais do que palavras vazias; precisa de ações concretas que visem melhorar a qualidade de vida e resolver os problemas que persistem. Portanto, a verdadeira responsabilidade dos governantes é não apenas identificar as falhas, mas também trabalhar ativamente para superá-las.

As críticas devem ser acompanhadas de propostas viáveis, que levem em consideração a realidade social e econômica do município. É preciso ter a consciência de que, para além das disputas políticas e das vaidades pessoais, existe uma comunidade que clama por melhorias em sua qualidade de vida.

Portanto, o que se espera dos líderes de Ibiúna é um compromisso genuíno com a transformação da cidade, a partir de um diálogo aberto e construtivo, onde todas as vozes sejam ouvidas e todas as soluções, consideradas. Somente assim, será possível construir um futuro mais promissor para todos os ibiunenses.

Milton Giancoli

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